domingo, 27 de dezembro de 2009

Em boa companhia


Acabo de retornar de uma semana ABSOLUTAMENTE repousante em Trancoso.

Quem conhece sabe do que estou falando .....

Fui só, e foi a melhor semana dos últimos tempos.

O sol esteve presente durante todo o tempo ea lua cheia também, como que para lembrar ao sol, o quão glorioso también pueden ser os raios da lua, quando refletidos em um mar que simples palavras não conseguem descrever.

Enquanto a lua fazia sua caminhada, e seguia seu curso, Deve ser como, o céu permaneceu límpido, deixando que as estrelas fizessem seu iluminassem e trabalho a noite.

Foi uma solidão mais Acompanhada que senti.

Porque era impossível não olhar para toda aquela exuberancia e não pensar na Existência de Deus e do quão poderosa é sua criação.

Este retiro não descansou só minha mente, mas serviu para lembrar-me de quem eu realmente sou.



Uma pessoa destemida, inteira ...

Redescobri uma garota que nunca teve medo de nada e que estava escondida e empoeirada em um canto da minha mente.

Eu sempre gostei dela.

Sempre gostei daquele gosto do tempero de ousadia que ela colocava em minha vida.

Pude perceber o quanto estava sem cor - e não só branca como uma página de um livro, porque fazia séculos que não pegava um sol - eu havia perdido o colorido da pessoa que sempre fui.

O olhar amarelado e brilhante, repleto de promessas e travessuras.

Caraca, ela estava onde?

Quando foi que eu deixei que ela fosse embora?

Não sei .... Mas que ela está de volta, está definitivamente!

DIVIDA SEU AMOR! ADOTE!

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A melhor sensação do mundo é chegar em casa e dar de cara com uma delícia dessas.
Não é fácil ter um bichinho, dá trabalho e ele exige cuidados.
Mas posso garantir que quem sai ganhando somos nós, seus companheiros e cuidadores.
Ando com uma vida intinerante e meu gatinho está com minha mãe, que o ama tanto quanto eu.
Mas só Deus sabe o quanto eu sinto a sua falta.
Não percam a oportunidade de compartilhar suas vidas com estes seres adoráveis.

FAÇA ALGUÉM FELIZ!!!!!

Sentir é mais importante do que todas as análises.

Na Índia, os mestres dizem que a estrada mais longa que existe é a que vai do cérebro ao coração. Somente a sabedoria pode fazer as pessoas descerem do pedestal de super-homem para ser gente de verdade.

A vaidade transforma-se em simplicidade. Ao dar espaço para seus sentimentos, progressivamente, seu hábito de julgar as pessoas é substituído por uma capacidade de experimentar as próprias sensações e as dos outros.

Sua bondade faz com que as interpretações habituais dêem lugar à compreensão.

Então, começa a maior de todas as aventuras.

Os heróis de verdade abrem as portas de seus sentimentos e permitem aos outros descobrirem sua fragilidade.

Quando ele aprende a abrir seu coração, a falar de suas feridas e a ter humildade para assumir seus sentimentos, pode receber o carinho que lhe faltou na infância.

As feridas da alma nunca são curadas com sexo, comida ou poder, e sim com carinho, atenção, paz.

Quando você se permite pedir ajuda a alguém, está a caminho da felicidade. Ao perguntar ao filho como pode viver melhor, ao ouvir e valorizar a voz da pessoa amada, então, começa a ser feliz. 

A bondade é fundamental para a felicidade.

A generosidade é fruto da capacidade de sermos ricos de espírito.

O indivíduo mesquinho é o ser mais pobre que existe, pois cobra até os centavos da vida. Mesmo quando, dominado por seu coração, tem um gesto generoso, no momento seguinte é dominado por sua mesquinhez e cobra o que fez. Sua vida é uma infindável conta bancária, com créditos e débitos.

O bondoso, ao contrário, tem sabedoria para saber que existem atos que precisam ser perdoados, principalmente as dívidas do coração. Não perca a oportunidade de ser bondoso consigo mesmo. Não perca também a chance de ser bom com os outros.

Muitas vezes, as pessoas não se dão conta das oportunidades que têm de dar amor. Esperam a ocasião de criticar os outros, mas não têm nenhuma expectativa de dar amor e dizer coisas boas a respeito deles.

É importante que não desperdicemos as oportunidades para mostrar o quanto somos ricos espiritualmente e quanto amor temos no coração.

É importante deixar que as pessoas percebam a riqueza de nosso interior. A rosa não escolhe para quem vai exalar seu perfume.

Não seja simpático só com seu chefe, pai, filho, esposa, marido, amigo. Seja generoso com todas as pessoas! Generosidade não é apenas dar presentes. Seja generoso pedindo desculpas, elogiando, dando carinho, importando-se com as pessoas.


Roberto Shinyashiki

Alegria e Esperança



Beneficência é também viver corajosamente com esperança e alegria.

Pensa nos acidentados da alma.

Os que foram atropelados pelas grandes provações nem sempre se reconhecem tão fortes, a ponto de te dispensarem o socorro espiritual.

Caminha reerguendo os corações caídos em tristeza e desânimo.

Rearticula a fé nos companheiros que se perderam do rumo.

Se algum deles se marginaliza, auxilia-o a reajustar-se na trilha certa.

Estende as mãos aos que se imobilizaram no sofrimento para que retomem o trânsito natural de quantos se dirigem para frente.

Para isso, lembra-te de esquecer os argumentos amargos e as reminiscências infelizes.

Fala no bem, encaminha-te para o futuro, interpreta com a luz do amor os acontecimentos da vida e eleva os assuntos para os cimos da compreensão.

Dispões do olhar de simpatia, do entendimento fraterno, do sorriso amistoso da palavra benevolente; reaquece a confiança nos irmãos que esmorecem ao contato dos problemas do mundo e ajuda-os a refletir na Bondade Divina que nos acolhe a todos.

Não te detenhas.

Caminha avivando a chama da alegria por onde passes.

Se não trazes contigo fontes de consulta capazes de renovar-te os conhecimentos e nem podes ouvir, de imediato, os Mentores da Sabedoria que te formulem o verbo para a exaltação do bem, medita contigo mesmo e perceberás que da erva esquecida no campo aos sóis que resplandecem no Espaço Cósmico, tudo te falará de alegria e de esperança na Criação de Deus.




Livro Algo Mais
Emmanuel & Francisco Cândido Xavier

sábado, 26 de dezembro de 2009







Sorte de hoje:

Uma das maiores vitórias que se pode conquistar é derrotar um inimigo pela gentileza.

Oração a Santa Sarah Kali





Abençoa-nos, oh, Sarah! Somos teus filhos!
Ilumina a nossa futura estrada ...
Protege-nos quando uma noite escura
Esconde da Mãe Lua O Doce Brilho!
Abençoa-nos, oh, adorada Protetora!
Concede-nos a força e o otimismo ...
uma saúde e uma sorte lhe pedimos
Sob a luz da Estrela da Madrugada ...
Seja a minha tenda abençoada
Pela vida de meus irmãos e filhos
Abençoa nosso Vinho e Pão Nosso,
Santa Sarah Protetora tão amada!
Sejas a luz de nossos olhos pelos dias
de nossas alegrias e tristezas,
Sejas Claridade em nossas mentes,
E o nosso calor nas noites frias ...
Abençoa-nos, Oh, Mãe de nossa Esperança!
Que acompanha a nossa história por todos os anos!
Abençoa-nos a todos, e às nossas crianças ...
Santa Sara Kali, Oh, Santa dos Ciganos!

domingo, 29 de novembro de 2009

Os mortos vivos - Por Renato Mayol



Reconhecer os mortos-vivos exige preparação e muita coragem, pois quando os véus que embaçam a visão interior são arrancados, o que mais atemoriza é a solidão, já que apesar de estarmos cercados por multidões, sabemos que não sabem e lhes contar é de pouca valia, porque a verdade sobre a aparente realidade precisa ser vivenciada como um todo e não apenas ser apreendida pelo intelecto.



Mortos-vivos são seres humanos vagando a esmo nas trevas. Indivíduos que em sua miséria precisam de algo ou de alguma coisa para amar, adorar e lhes dar um sentido para uma vida que aparentemente nenhum sentido tem. Seres concentrados em seus esforços cotidianos para ter, obter e possuir enquanto algemados à vida pelo relógio. Relógio que os escraviza na incessante busca de algo que, quando obtido, lhes dará a partida para a busca da realização de outro desejo. E enquanto esse outro desejo também não for satisfeito, ele será fonte de ansiedade. Porém, tão logo seja satisfeito, levará o desejoso crônico a um estado de tédio que será substituído novamente pela ansiedade assim que mais outro desejo venha a fechar o eterno circulo vicioso desse individuo modelo da sociedade moderna.


Aquele ser estupidamente feliz em sua autocomiseraçã o e em sua corrida contra o relógio, que veste com tolo orgulho a medalha de viciado em trabalho com que o ambiente consumista o galardoa, enquanto furtivamente a rotina mantém sua mente ocupada e sua consciência embotada.


Indivíduos voando e farfalhando feito mariposas alucinadas em volta de um clarão qualquer. Cada um a seu modo buscando ser assimilado pela sociedade. Todos em um turbilhão, sem parar para pensar, pois senão poderiam acordar do seu sono profundo e perceber que tudo não passa de alienação. O melhor mesmo é encontrarem um grupo social qualquer em que possam ser mais um ninguém para se sentirem alguém.


Encontrar um rebanho, pois no rebanho é só seguir os líderes, os fortes, os formadores de opinião, ou seja lá o que for. Pois até "formadores de opinião" são necessários para que haja um direcionamento daquelas que os mortos-vivos julgam serem as suas próprias escolhas.


Afinal, é tão bom ficar na frente da televisão vendo e revendo programas e filmes que mostram ação, reação, sangue, intrigas, terror e sexo.


Ficar sentado, deitado ou recostado assimilando tudo isso enquanto o cérebro é incapaz de outra coisa a não ser fazer eles se comportarem como os cães de Pavlov - os cães dos reflexos condicionados.


Assim, inconscientemente, são condicionados a vestir o que lhes recomendam, a comprar o que lhes vendem e a frequentar o que lhes aconselham. A sentirem emoções que querem que sintam. Emoções cuidadosamente orquestradas pelos feitores da senzala global a quem entregam, sem perceber, o seu cérebro. Dão risada quando querem que deem risada.


Choram e se emocionam quando querem que chorem e se emocionem. Sentem raiva e ódio também sob encomenda. E se sentem vivos! Tão vivos se sentem que jamais se acreditariam mortos-vivos e prisioneiros. E tais prisioneiros só podem ser mantidos em relativa ordem social por meio do medo. E de fato é com medo que cumprem seu diário viver. À mercê do medo da dor, do sofrimento, das doenças. Medo dos tormentos, da fome, das guerras, dos abusos, das injustiças, das atrocidades. Medo da sempre presente morte, sem se dar conta de que a morte e o tormento eterno já se apoderaram completamente deles há tempo.

Para se darem conta da sua triste condição precisariam questionar-se e questionar as supostas verdades inculcadas em seus cérebros desde a mais tenra idade, quando não ainda em fase gestacional, levando-os a comportamentos robotizados, com seu cérebro e sua mente tornados tolerantes às religiões, aos credos ou à falta de credos, ao poder, à beleza, à fama, ao dinheiro, às posses, a desejos de satisfação dos desejos, ao ódio, à inveja.


E é somente quando o indivíduo ousar mergulhar em si e questionar ideias implantadas e reconhecidas anteriormente como próprias, que a máquina descobrindo-se máquina vai começar a se rebelar contra a sua condição.


Mas, para isso, é necessário coragem. Coragem para refutar os absurdos que, de tão repetidos, acabam transformando-se em verdades inquestionáveis. Coragem para empreender a viagem ao centro do centro do próprio ser - viagem que leva à percepção de outra dimensão e de outra realidade. É quando o morto-vivo percebe que a única saída para a verdadeira vida é pela própria transubstanciaçã o.


É a água tornando-se vinho; o metal pobre transformando- se em nobre. E, quando finalmente vivo e livre, poderá continuar no mundo, mas já não pertencerá ao mundo. Então, e só então, esse mundo, esse Labirinto Azul, se tornará o seu estranho objeto de observação e de reflexões sobre o nascer, a vida e... o depois.

sábado, 28 de novembro de 2009



Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo.
E que posso evitar que ela vá a falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma .
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um 'não'.
É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.

Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo...

Fernando Pessoa


Nem sei em que momento, aprendi que salvar a mim mesma seria a melhor coisa que poderia fazer.
A vida é repleta de contrariedades, e as vezes, a vontade de desistir é IMENSA!
Não foram poucas as vezes em que desisti de lutar, desisti de mim.
Mas aprendi que melhor que ter êxito, e permanecer tentando, sempre ...
Com fé em si próprio e em Deus, pois Ele faz com que nosso fardo pareça mínimo.

As jóias de Krishna (Fábulas e Lendas da Índia) - Por Manoj Das


Kala, o ladrão, arrastava-se furtivamente de quarto em quarto, pela casa do homem rico.

Não havia sido difícil entrar desapercebido, porque todos que viviam na vila, tinham vindo aquela noite para ouvir o Pandit. Agora, estavam sentados à volta dele no saguão central, ouvindo com atenção extasiada uns poucos versos que ele cantava, tirados de seu precioso livro de folhas de palmeira, diante dele no estrado, explicando-os e desenvolvendo- os para que todos pudessem entender. O dono da casa, sua família e os empregados estavam absorvidos, como os outros, devoção feliz e brilhante em seus rostos, e todos os cuidados e brigas esquecidos, no deleite de ouvir as histórias doces e encantadoras do Senhor.


 

Era uma oportunidade maravilhosa para Kala tentar apossar-se de tudo que pudesse.

Sua mente estava ocupada com sua busca e não prestava nenhuma atenção à história  que fascinava os aldeões. Ele era um ladrão e um vagabundo, não tinha lar, nem família ou amigos. Uma vaga lembrança do homem que ensinara o único ofício que ele conhecia era tudo que restava. Kala não tinha a mínima idéia se o velho Babu era relacionado com ele de algum modo; sabia apenas que tinha sido gentil e lhe ensinado como ser rápido e esperto para surrupiar pequenos objetos que podiam ser trocados por dinheiro, em certos lugares que eles conheciam. O que não aprendera com o velho Babu, conseguiu fazê-lo por si próprio, desde que seu protetor desaparecera – quer para o reino do Senhor Yama (o deus da morte), ou para seu equivalente, a cadeia, Kala não sabia. Agora não tinha mais ninguém e procurava defender-se da única maneira que conhecia. Estava quase sempre sozinho quando ia de aldeia em aldeia, de cidade em cidade, e sonhava em ter um lugar a que pertencesse, em vez de ser sempre um intruso, à margem das coisas, olhando para um mundo onde não havia lugar para ele.

Imaginava-se encontrando alguma coisa realmente valiosa – uma rica bolsa de homem, um diamante, um bracelete de rainha...


algo que pudesse lhe proporcionar o bastante para comprar uma pequena casa na cidade e mantê-lo, a fim de nunca mais ficar com medo. Então ele teria vizinhos, amigos...

 sabia que era apenas um sonho, mas o pensamento de seu tesouro aquecia-lhe o coração e enchia-lhe a mente, enquanto andava de quarto em quarto.


As palavras de Pandit, que prendiam a atenção dos aldeões, nada significavam para Kala. Mas, de repente, uma frase atraiu sua atenção, e detendo-se na sua ronda furtiva, ele ouviu a história, com crescente encanto,  e foi se aproximando, sem notar, do círculo à volta do estrado.

O Pandit estava lendo e cantando o Bhagavata Purana, que faladas histórias admiráveis da vida do Senhor Krishna.





Ele estava passando apenas uns dias nessa aldeia, pois era sua vida andar de um lugar pra o outro, contando a todos que o quisessem ouvir sobre o seu amado Senhor. Na noite anterior, narrara a seus ouvintes ansiosos o nascimento de Krishna, a crueldade de Kamsa, e como Krishna, milagrosamente, havia sido trazido para casa de Nanda, o pastor, onde crescera como filho da Mãe Yashoda.


Esta noite a história era sobre a juventude de Krishna, na floresta de Brindavan.


Os versos contavam, como ao primeiro clarão do dia, os meninos pastores gritavam do lado de fora da casa de Krishna:


- Krishna! Balarama! Ainda não acordaram? Venham, seus dorminhocos!


É hora de leva as vacas para pastar. Então relatavam como a Mãe Yashoda preparava a comida antes de os meninos se ataviarem com as belas roupagens que sempre usavam.


O Pandit descrevia com detalhes cheios de amor, como ela os vestia com belos dhotis – o de Krishna, amarelo alaranjado, que brilhava contra sua pele escura, e o de Balarama, azul escuro, como o mar distante. Depois, ela colocava seus adornos: pulseiras, colares, cintos e ornatos de cabeça engastados de jóias e, por último, suas tornozeleiras de ouro. Estas foram as palavras que atraíram a atenção de Kala e seu espanto crescia, à medida que o Pandit ia descrevendo todo o esplendor cintilante dos ornamentos de Krishna:

- Pulseiras de ouro incrustadas de pérolas e rubis nos braços; um cinturão de ouro e pérolas à volta da cintura; um diadema de ouro na cabeça, no qual sempre usava uma pena de pavão; ao redor dos tornozelos, sinos de ouro que faziam uma música tão encantadora que arrebatava a alma; e à volta do pescoço um colar de jóias variadas engastadas de ouro, que pendia até o peito, onde um único diamante brilhava com tal esplendor que o próprio sol parecia escuro.


O Pandit continuava a falar sobre os olhos travessos de Krishna, o encanto suave de seu rosto que irradiava tal amor e beleza, que se poderia contemplá-lo para sempre com incansável deleite; de sua pele escura e cabelos encaracolados, suas mãos e pés delicados, o charme de cada linha de seu corpo...e por fim, a irresistível música de sua flauta, cujo fascínio não podia ser expresso em palavras. Mas Kala não estava ouvindo. Nem tinha voltado ao seu trabalho. Permanecia deslumbrado, estupefato, diante da perspectiva que se abria diante dele. Por que deveria ele se incomodar em furtar uma ninharia aqui, uns poucos níqueis ou tecido ali? Por que continuar nessa existência imprevidente, andando de um lugar para outro, roubando o que podia conseguir? Se ele pudesse encontrar essas duas crianças, seria fácil tirar seus adereços... e então não teria mais com que se preocupar durante o resto da vida. Poderia comprar uma pequena casa e viver tranqüilamente como todo mundo. Sua mente continuava, repetindo sempre a descrição que ouvira daquelas maravilhosas jóias. Até que podia quase ver, diante dos olhos, a criança escura, cintilando com todos os seus atavios. Não podia pensar em mais nada. E assim ele ficou como se estivesse em transe, surdo, até que Pandit terminasse sua história.



Então o bom Pandit, o rosto brilhando de devoção convidou todos os ouvintes para comer prasad. Enquanto faziam suas oferendas, ele deu um punhado de flores perfumadas a cada um, e assim abençoadas e purificadas, as pessoas voltaram às suas casas. Kala deixou a casa com o resto, porém esperou fora, atrás de uma árvore, até que finalmente o Pandit fosse levado à porta para se despedir, com os respeitosos cumprimentos do anfitrião de sua família. Nosso ladrão tinha decidido falar com o Pandit e descobrir mais sobre aquelas duas maravilhosas crianças e suas jóias.

Assim, quando o Pandit se pôs a caminho em direção à casa, que havia sido providenciada para sua estada, Kala seguiu-o; e ao chegarem a um trecho deserto do caminho, ele gritou:

- Hei, Panditji! Espere por mim, quero falar-lhe!

Ao som daquela voz áspera, o Pandit pensou imediatamente em assalto. No seu cinto carregava todo o dinheiro que os aldeões tinha lhe oferecido como dakshina, e ele estava com medo... Apertando sua roupa mais de encontro ao corpo, ele apressou o passo. Mas outra vez Kala gritou:


- Espere por mim, Panditji! De que tem medo? Quero perguntar-lhe uma coisa.


Então, não havia razão para se preocupar. O Pandit parou e esperou, dizendo uma prece em seu coração.


- Quero saber mais acerca daqueles meninos... aqueles meninos de quem você estava falando. Como se chamam? Onde moram? Quem é seu pai? Como posso encontrá-los?

O Pandit estava assombrado com a avalanche de perguntas desse homem de aspecto rude; como ele não parecia lhe querer mal, respondeu:


- Você não ouviu o que esta a dizendo às pessoas? Krishna e seu irmão Balarama vivem na casa de Nanda, o chefe dos pastores, perto de Brindavan, e todos os dias, ao amanhecer, levam as vacas para os campos e florestas que margeam o rio Yamunda.

- Qual é o caminho daqui para Brindavan? Não é muito longe, não é? É verdade que essas crianças vão todos os dias para os campos, vestidas como você disse, com todas aquelas jóias esplêndidas?

O Pandit começou a ter um vislumbre de percepção. Sentiu que, talvez, pudesse adivinhar o que tinha despertado o interesse deste sujeito inculto... e ele queria apenas chegar em casa com seu dinheiro e a pele intacta. Porém ainda perguntou:


- Por que você está me fazendo todas essas perguntas? Você não ouviu o que disse? O que o fez tão interessado?


Kala olhou para o Pandit e disse francamente:

- Olhe para mim! Você sabe o que sou, não é? E por que iria um ladrão com eu ficar interessado naquelas crianças? É verdade que elas têm todas aquelas jóias... ou você estava apenas inventando? – perguntou ele de repente, avançando para o Pandit, com o punho levantado e olhar ameaçador.


- Não, não, não inventei. Claro que é tudo verdade, - disse o Pandit apressadamente.

- E se eles usam todas aquelas jóias quando vão para os campos todos os dias, devem ter muito mais em casa para ocasiões especiais, não é Panditji? Quanto você acha que elas valem juntas?

- As riquezas de Krishna são um tesouro inestimável, além de tudo que se possa imaginar, - replicou o Pandit com um sorriso.

- Bem, só daqueles adereços faria minha independência para o resto da vida.

E eu pretendo ir até lá e conseguir algo, - disse o ladrão.

– Assim, é melhor você me dizer, francamente, Omo posso chegar lá. E não tente brincar comigo, porque, se não os achar, pode ficar certo de que voltarei e me vingarei. Mas se conseguir o que quero, então dar-lhe-ei sua parte por ter me ajudado, você verá.

Assim o pobre Pandit, querendo apenas chegar em casa salvo, apontou para o norte e disse:

- Brindavan fica para aquele lado.

- E como vou saber quando chegar lá? Como é que ele é, esse lugar Brindavan? – interrogou Kala.

- Há um rio largo, com lindos prados verdes e arvoredos de flores ao longo das margens. Especialmente, há belas árvores Kadamba... você conhece a árvore Kadamba, com suas longas folhas e enormes bolas de flores? Lá os pastores vêm de manha cedo, e Krishna fica debaixo de uma Kadamba, tocando sua flauta encantada; você certamente o reconhecerá quando o vir.

O crédulo ladrão ficou muito satisfeito com o que Pandit lhe disse de suas memórias dos versos sagrados, resolvendo partir imediatamente e não descansar até chegar ao rio, achar as maravilhosas crianças e tomar-lhes alguns de seus tesouros inestimáveis.

Era o alvorecer do terceiro dia quando Kala chegou ao rio. Ele não tinha quase dormido e comido no caminho e, durante toda sua longa jornada, uma imagem somente enchia sua mente: a linda criança escura de cabelos encaracolados, num dhoti amarelo e jóias brilhantes, com uma pena de pavão no diadema. Esta visão o havia incitado de tal modo durante as cansativas milhas, que ele estava vagamente consciente da fome e sede e fadiga e da dor nas pernas e nos pés. E aqui, finalmente, estava o rio, parecendo tão fresco e acalentador, brilhando esmaecido ao lusco-fusco, correndo veloz e profundo entre as ribanceiras verdes, margeado aqui e ali por pequenas praias de areia. Certamente este deveria ser o lugar!

“Mas os meninos não virão senão de manhã...” pensou Kala, e imaginou qual seria a direção da aldeia; mas ele não via nenhuma casa por perto, e o rio fresco e a grama verde pareciam tão convidativos que ele decidiu ficar onde estava e esperar pela luz do amanhecer. Refrescou os pés doloridos no rio e a água pareceu-lhe tão boa que mergulhou nela. Depois estendeu o corpo fatigado na grama refrescante e macia. Porém, embora estivesse muito cansado, a imagem daquela criança encantadora ainda flutuava diante de seus olhos fechado... Talvez tenha passado uma ou duas horas quando ela acordou com um luar radiante em seu rosto, seu corpo tremendo de excitação.

“Eles virão ao primeiro raio de sol”, pensou, “vou encontrar um bom lugar para me esconder e procurar por eles; não devo perder essa oportunidade.”

E seguiu para a ribanceira do rio, procurando pela kadamba que Pandit havia mencionado. Eram muitas as árvores belas e altas e, enquanto seguia o rio, logo chegou a um lindo arvoredo de folhas largas, perfumadas com as inflorescências de bolas fofas, que enchiam o ar com seu olor. Enquanto ele passava debaixo das enormes árvores, Kala teve a estranha sensação de algo que nunca tinha sentido antes na vida, algo mágico e doce, um sopro de promessa encantadora.

Este deve ser o lugar”, pensou, “aqui estão as árvores. E como é viçosa a grama e a vegetação. Seguramente eles virão para cá com suas vacas ao amanhecer. Este deve ser o lugar.”

Ele tremia de excitação outra vez, ao procurar um esconderijo. Escolheu um arbusto perto do rio, entrou debaixo de seus galhos e sentou-se para esperar a manhã. Mas havia formigas que picavam e nem mesmo a visão na sua mente podia fazê-lo se esquecer dessas criaturas importunas.

“Além disso”, pensou, “e se Krishna seguir outro caminho? Mesmo que ele esteja apenas um pouquinho mais além do rio, posso perdê-lo... e aqui na margem não parece existir nenhuma trilha de vacas. É melhor trepar numa dessas árvores e então serei capaz de vê-lo mesmo à distância.”

Assim ele se arrastou, removendo as formigas e galhos de seus braços e cabelos, e olhou à volta à procura de uma boa árvore para subir. Havia uma à margem do arvoredo e, com alguma dificuldade, alçou-se entre os ramos cheios de folhas. Porém as folhas formavam uma folhagem tão espessa que ele não podia ver muito e também não estava confortável, pousado num ramo como um passarinho; estava com medo de que, se adormecesse, caísse como uma fruta madura. Assim, desceu outra vez para procurar um lugar melhor. Por fim, simplesmente recostou-se contra um dos grandes troncos, liso e prateado, num pequeno nicho, onde ficou abrigado e não podia ser visto; e a despeito de toda sua ansiosa antecipação, foi vencido pelo cansaço e seus olhos fecharam-se e a cabeça pendeu para o lado.

Aos primeiros raios da madrugada, despertou assustado... o que o teria acordado de seus sonhos de Krishna? Lá estava outra vez, muito doce para ser o canto de pássaros, embora eles estivessem acordando e espalhando seu canto à volta, enquanto a luz mágica da madrugada intensificava todos os matizes e sombras maravilhosas da floresta. Desta vez soaram bem claras na primeira brisa trêmula, as notas de uma flauta! O coração de Kala quase deixou de bater de excitação e deleite – eles estavam realmente vindo, o Pandit não o tinha iludido, não tinha cometido um engano, este era o rio certo, a floresta certa, e eles estavam vindo por este caminho, em direção a este mesmo arvoredo! Ele podia ouvir as vozes infantis agora e o andar compassado das vacas... contudo, eles estavam passando um pouco para a esquerda e desaparecendo na floresta – ele não iria encontrá-los!

Kala já se punha de pé para seguir as vozes, quando um movimento, num canto longínquo da clareira, chamou sua atenção. Lá, debaixo da mais afastada árvore, estava uma pequenina figura, seu dhoti amrelo-laranja, barrado de vermelho e dourado, cintilava incrivelmente vívido naquele alvorecer matinal contra a pele escura e os verdes e cinzas da floresta. O menino estava lá, parado, e tocava flauta, como você deve tê-lo visto muitas vezes em pinturas, um pé cruzado sobre o outro, uma pena de pavão no cabelo, jias reluzindo à volta do pescoço, dos braços, dos tornozelos e testa, um sorriso doce no rosto e olhos faiscando de malícia. Mas o que Kala viu era mais encantador do que qualquer quadro que você ou eu tenhamos visto, mais encantador mesmo do que a visão que ele tinha guardado em sua mente todos esses dias e noites de jornada, algo absolutamente estimulante e arrebatador em sua beleza, porque era o próprio Senhor Krishna.



Kala completamente embevecido, deixou seu esconderijo e aproximou-se cada vez mais do fascinante menino, irresistivelmente atraído pela beleza do que via e ouvia. E quando ele chegou bem perto, Krishna tirou a flauta dos lábios e sorriu para o pobre ladrão, tão ternamente que todo o corpo de Kala tiritava e estremecia de deleite. Krishna demorou nele seu olhar e então falou, uma voz que era tão encantadora e musical quanto todo o resto:
 
- Querido kala, você não queria algo de mim?

Kala não estava nem mesmo espantado de que o sedutor menino soubesse seu nome. Ele mal notou, porque um fluxo de vergonha intensa e dolorosa tomou conta dele quando, de repente, lembrou-se da intenção que o havia levado até lá. Logo a seguir, porém, apercebeu-se que Krishna sabia perfeitamente bem porque viera e que ele não estava zangado, apenas rindo dele. E Kala também, olhando para aqueles olhos, podia ver que tudo era gracejo.

- Querido, querido menino, é verdade que vim para roubar suas jóias, mas isso foi antes de conhecê-lo. Pensei que queria ser rico, mas na verdade queria ter um amigo... agora que o vi, por que precisaria de dinheiro? Você é meu amigo, não é? – perguntou.

- É claro que sou seu amigo, e assim posso dar-lhe um presente. Apenas diga-me, o que gostaria de ter?

- Diga-me somente que posso vir aqui encontrá-lo quando quiser, olhar para você e às vezes ouvi-lo tocas sua música encantada; isso é tudo que quero, - disse Kala, com lágrimas nos olhos.

- Mas minhas jóias... você fez todo esse caminho para conseguir minhas jóias. Você não quer nada agora? – disse Krishna, olhando sério, mas com uma faísca travessa brilhando nos olhos.

- Guarde suas jóias... elas ficam tão bem em você! Apenas..., - Kala pausou como se pensasse em algo, - prometi ao Pandit, que me falou de você, que se o encontrasse, dar-lhe-ia alguma coisa. Se não fosse por ele, nunca o teria visto... talvez você pudesse me dar algo para ele? – perguntou Kala acanhadamente.

Krishna riu alto e tirou um dos seus braceletes de prata, lindo, engastado com uma bela esmeralda.

- Tome isto para o Pandit, - disse, - e é claro que você pode vir aqui me ver quando quiser. Venha a esta arvoredo qualquer manhã, debaixo desta árvore e me chame; prometo que virei.

- Querida criança, querida criança, - disse Kala, sacudindo a cabeça, - mas você tem certeza de que está direito, sua mãe não vai brigar com você? O Pandit ficará muito feliz, é uma coisa linda...

- Talvez minha mãe ralhe comigo, mas logo a farei sorrir de novo, - disse Krishna com os olhos faiscando, - mas venha, vamos ao encontro dos outros... eles foram banhar as vacas!

Os pés de Kala pareciam ter asas enquanto ele corria de volta à aldeia onde deixara o Pandit. O pensamento de seu maravilhoso novo amigo e sua recém encontrada felicidade não deixava lugar para fraqueza ou fome, e ao passar, distraído, pelas aldeias no caminho, a gente se maravilhava com seu rosto brilhante e a luz que parecia acompanhá-lo. Todavia, foram três dias de jornada até que alcançasse a aldeia. O Pandit tinha terminado sua série de palestras e estava se preparando para partir, no dia seguinte, para o próximo estágio de sua jornada. Tarde da noite, ele ouviu uma forte batida na sua porta e, ao relutar em abri-la imediatamente, escutou chamarem:

- Panditji, Panditji, você está dormindo? Abra depressa, trouxe uma coisa para você.

Apesar de reconhecer a voz do ladrão, que ele esperava nunca mais ver, havia alguma coisa tranqüilizadora em seu tom e o homem não parecia que tivesse voltado para se vingar. Mais por curiosidade do que por outra coisa, o Pandit abriu a porta. Kala entrou como um pé de vento, os olhos luzindo e imediatamente ajoelhou-se e tocou os pés em Pandit:

-  Obrigado, eu o encontrei, Panditji! Estou tão agradecido! Sem o senhor não o teria conhecido nunca! Ele é tão bondoso e encantador e maravilhoso, que o senhor não pode imaginar... que linda criança! E eu contei sobre o senhor, Panditji, e ele mandou-lhe isto! – e Kala tirou o precioso bracelete da cintura de seu traje em farrapos.

O Pandit teve que se sentar, de repente, perguntando incoerentemente:

- O que... quem... onde você foi... que aconteceu?

E Kala, rindo, encantado pela consternação do velho homem, teve de contar toda a história, justamente como lhe contei.

Você pode imaginar como o Pandit teve dificuldade em acreditar no que ouvia. Ele era um homem educado e, apesar de toda sua devoção, sabia muito bem que o Krishna real havia vivido há milhares e milhares de anos atrás, lá longe no norte... e assim, o que era que este pobre sujeito esfarrapado estava balbuciando? E contudo... havia o bracelete, e aí estava Kala com seu rosto e voz transfigurados. .. O Pandit interrogou-o, repetidamente:

- Onde você o viu? Como é que ele era? O que ele disse então? E o que fez em seguida? – e assim por diante.

Depois de muitas e muitas perguntas e das respostas simples e diretas de Kala, o velho disse por fim:

- E ele realmente prometeu-lhe que você o poderia encontrar quando quisesse? Então leve-me com você, amigo... vamos partir imediatamente. Toda minha vida tive vontade de vê-lo, mas nunca pensei que realmente acontecesse.



E ele teria partido imediatamente, sem mais delonga. Porém o pobre Kala estava exausto, depois de toda viagem, e não tinha se alimentado durante o caminho de volta, e ele implorou por algo para comer e uma noite de descanso antes de partirem outra vez. Contudo, a madrugada seguinte viu-os na estrada... uma dupla estranha: o venerável Pandit, com sua veste branca impecável, e o abrutalhado Kala, em seus trapos desbotados, carregando o precioso volume que continha os livros do Pandit, alguns pertences e, agora também, o bracelete do Senhor. Enquanto eles andavam, Kala questionava o velho sobre Krishna e maravilhava- se com tudo que ele podia dizer sobre o surpreendente menino. E, em troca, o Pandit questionava Kala e pasmava-se com as coisas simples, convincentes, e ainda inacreditáveis, que ele dizia sobre o menino que lá encontrara. Assim, as milhas passaram facilmente, até que por fim chegaram, à noite, às margens do rio e, na orla da floresta, refrescaram- se e deitaram-se para dormir.


Antes do alvorecer, Kala acordou o Pandit:


- Agora ele virá... vamos para o arvoredo; você pode esperar junto dos espinheiros que eu o chamarei.

E de fato, quando Kala chamou, ouviram-se as notas suaves de uma flauta se aproximando através do ar enevoado da manhã, e Kala logo pôde ver seu amigo de pé, debaixo da árvore, tocando e piscando para ele.

- Querida criança, - disse, - espero que não se importe... trouxe o Panditji. Ele estava tão excitado ao receber seu presente, que quis lhe agradecer pessoalmente; ele já queria encontrá-lo há tanto tempo e conhece toda espécie de histórias a seu respeito. Você de fato fez todas aquelas coisas? Não importa, conte-me outro dia... Olhe, ele está esperando acolá. Posso chamá-lo?

- Eu posso vê-lo, - replicou Krishna sorrindo, - mas não acredito que, mesmo se o chamasse, ele fosse capaz de me ver, por enquanto. Ele não tem coração puro e a visão inocente. Contudo, você pode lhe dizer que estou esperando por ele, não o esqueci, e certamente ele me verá um dia.

E olhava ternamente para o velho, ainda de pé ao lado do espinheiro. O Pandit, atordoado, fitava Kala que parecia estar falando com o ar.

Todavia, ele podia ouvir a flauta. E mais tarde disse a Kala, quando se sentavam juntos na cabana simples que construíram ao lado do rio e que partilharam por vários anos, até a morte do velho homem:

- Compreendo muito bem... eu já era um homem educado quando li as histórias do Senhor; e apesar de ter desejado ardentemente em meu coração vê-lo e conhecê-lo, tinha também outros desejos e pensamentos em mim. Porém, desde o momento em que você ouviu falar sobre ele, não teve nenhum outro pensamento em sua mente, nenhum outro desejo em seu coração, a não ser ele. Foi sua Graça que se derramou sobre você... Mas posso ouvir sua flauta na floresta todas as manhãs e você me diz como ele está e o que diz e faz com você, e ele prometeu que eu também vou vê-lo um dia, com meus próprios olhos. Estou contente.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Ahhhhhhhhhhhhhhh, o amor!

A força de uma imagem vale mais do que zilhões de palavras.

Imagem copiada do meme de Vanessa Class. Lindo!





"Eu aprendi que algumas vezes tudo o que precisamos é de uma mão para segurar e um coração para nos entender;"
(William Shakespeare)

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Amor Epidêmico



Seus pais foram jantar fora e deixaram o apartamento só para você, seu namorado e a tevê a cabo. Que inconseqüentes! Em menos de um minuto vocês deixam a televisão falando sozinha e vão ensaiar umas cenas de amor no quartinho dos fundos. De repente, escutam o barulho da fechadura. Seu pai esqueceu o talão de cheques. Passos no corredor. Antes que você localize sua camiseta, sua mãe se materializa na porta. Parece que ela está brincando de estátua, mas não resta dúvida que entrou em estado de choque. Você diz o quê? Mãe, a carne é fraca.

A desculpa é esfarrapada mas é legítima. Nada é mais vulnerável que nosso desejo. Na luta entre o cérebro e a pele, nunca dá empate. A pele sempre ganha de W.O.



Você planeja terminar um relacionamento. Chegou à conclusão que não quer mais ter a seu lado uma pessoa distante, que não leva nada à sério, que vive contando piadinhas preconceituosas e que não parece estar muito apaixonado. Por que levar a história adiante? Melhor terminar tudo hoje mesmo. Marca um encontro. Ele chega no horário, você também. Começam a conversar. Você engata o assunto. Para sua surpresa, ele ficou triste. Não quer se separar de você. E para provar, segura seu rosto com as duas mãos e tasca-lhe um beijo. Danou-se.



Onde foram parar as teorias, os diálogos que você planejou, a decisão que parecia irrevogável? Tomaram Doril. Você agora está sob os efeitos do cheiro dele, está rendida ao gosto dele, está ligada a ele pela derme e epiderme. A gravação do seu celular informa: seus neurônios estão fora da área de cobertura ou desligados.

Isso nunca aconteceu com você? Reluto entre dar-lhe os parabéns ou os pêsames. Por um lado, é ótimo ter controle absoluto de todas as suas ações e reações, ter força suficiente para resistir ao próprio desejo. Por outro lado, como é bom dar folga ao nosso raciocínio e deixar-se seduzir, sem ficar calculando perdas e danos, apenas dando-se ao luxo de viver o seu dia de Pigmaleão.



A carne é fraca, mas você tem que ser forte, é o que recomendam todos. Tente, ao menos de vez em quando, ser sexualmente vegetariano e não ceder às tentações. Se conseguir, bravo: terá as rédeas de seu destino na mão. Mas se não der certo, console-se. Criaturas que derretem-se, entregam-se, consomem-se e não sabem negar-se costumam trazer um sorriso enigmático nos lábios. Alguma recompensa há de ter.

Martha Medeiros


P.S.: Gustav Klimt - Love

domingo, 6 de setembro de 2009

Ananga-Ranga: manual indiano sobre sexo















A arte erótica indiana deve ser vista à luz do Hinduísmo.

Na mitologia indiana Kama designa o Deus do Amor.
A mesma palavra refere-se também à busca do prazer, um dos aspectos fundamentais conducentes à salvação da alma.

Não admira, por isso, que o sexo desde longa data se tenha revestido de tanta importância para os indianos.

Disso nos dá conta o Kama-Sutra, um livro clássico sobre erotismo e outras formas do prazer humano.
Amei a ilustração! Belíssima.

Sempre ela!

"Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento."
Clarice Lispector
Rendemo-nos ao inevitável!
É preciso exercitar a sabedoria até quando abrimos a guarda e admitimos que somos o que somos: simplesmente imperfeitos.

A chatice inserida nas obrigações



A pior coisa do mundo é você ter que dividir seu espaço com alguém que não te diz a que veio.
Tenho horror de gente que sempre responde: "não sei ...".
E descobri isso, depois de muitos anos.
E dizem que os librianos é que são indecisos....
Não sei qual foi o astrologo babaca que inventou isso!
Sempre me pergunto porque as pessoas pensam que são obrigadas a fazerem algo que não lhes convem.
Apenas para satisfazer a vontade alheia?
Alguém se preocupa em satisfazer as suas vontades, ainda que você se preocupe em fazer o que é politicamente correto?
Te digo que não.
No final das contas, nós sempre acabamos por nos submeter de alguma forma, e quanto mais nos submetemos, menor é o nosso valor.
Eu sempre disse isso à todos, e vejo que não segui meus próprios conselhos.
Quem diria, euzinha, satisfazendo a vontade alheia.
Bom, dizem que há sempre uma primeira vez.
Que esta seja a minha, e que seja a última.
O que me exaure, realmente, é essa mania que as pessoas tem de achar que temos que adivinhar o que elas querem.
Não seria mais fácil que elas falassem claramente?
Vivemos em uma época em que as pessoas se acostumaram a viver mascaradas, e vivem como um camaleão: se adaptando a cada situação, do jeito que elas se apresentam.
Os homens reclamam que tem que adivinhar o pensamentos das mulheres: bom, eu digo o que quero, e parece que ainda assim os que estão a minha volta devem padecer de algum problema de surdez abrupta!
A honestidade dói! Mas é muito melhor do viver fingindo que está tudo bem.
Só não entendo porque as pessas insistem em viver assim.
Deve ser um daqueles mistérios insondaveis que a levamos uma vida inteira para descobrir.
Que seja: decifra-me ou devoro-te!